segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Ossos do ofício?

   Esta semana e semana passada estão bem tensas pra mim, muitos episódios desagradáveis em meu emprego tem me deixado um tanto quanto triste, além de preocupada com uma série de coisas. Não vou entrar em detalhes, não é necessário, mas como sempre escrevo sobre o que sinto e penso achei justo escrever sobre este assunto neste post. Como alguns sabem sou professora, dou aula em um colégio da rede pública de minha cidade, desde a época de meu estágio fiz questão de que fosse em colégio público. Nada contra professores que lecionam na rede privada, mas eu não me sinto à vontade com uma série de “autoridades” impostas por ela, principalmente no que diz respeito ao meu modo de ver o ensino e minha metodologia dentro de sala. Enfim, sempre digo que não sou o “tipo” de professora pro ensino regular. Alguns podem me julgar por isso, acontece. Mas isso já é uma conversa pra algum outro dia.
      Quando os docentes dizem que já não está fácil cumprir o horário de trabalho, que sofrem com as condições de serviço, de salário e principalmente de reconhecimento pelas autoridades e pela própria população estão sendo até muito educados expondo apenas alguns poucos fatores dos quais precisamos nos confrontar diariamente. Com todo o respeito, senhores pais, senhores responsáveis por uma criança ou adolescente que frequente a rede pública de ensino, seja qual for o período, vocês não fazem ideia do que seus filhos, sobrinhos, irmãos ou netos fazem no período em que passam dentro da escola. Sinceramente, vocês não conhecem seus filhos! Ou talvez a ideia de que respeito se aprende em casa realmente já esteja ultrapassada demais para esses tais “tempos” em que vivemos hoje. Já não há em grande parte dos alunos a noção de onde se encontram, para qual finalidade se locomovem até as escola todos os dias durante a semana toda, tomando grande parte de suas vidas. Perderam o senso comum, se julgam os “donos do mundo” mesmo antes de completarem se quer o ensino médio, sem conseguir tirar uma nota azul nos quatro bimestres, sem passar um dia sem precisar ser chamada sua atenção durante a aula por conversas, gritos e falta de produção em sala de aula. Não há respeito, no lugar disso preferem bater de frente com o professor, competir com ele, sendo que não há jogo, não há ganhador ou vencedor nesta conotação totalmente evasiva em que se estabelece na mente do meliante. Sim, já não se trata mais de um aluno em sala de aula, mas sim de um qualquer que esta preparado a tomar as atitudes mais idiotas e burras de sua vida apenas por ter sido confrontado, por ter seu pedido negado ou apenas pela sua falta total de bom senso. E o professor? Bem, este parece ser obrigado a conviver com todas essas situações todos os dias durante seu horário de trabalho na escola, correndo risco de morte porque nunca se sabe qual será a próxima atitude do meliante que se encontra, constantemente, à sua frente. Seu trabalho hoje é sinônimo de perigo, de morte, de medo. Irônico se pensarmos que o principal “papel” do professor é o de “formar o caráter” do aluno.

      Agora, me digam, me deem uma solução que realmente funcione para estes e tantos outros problemas que nós, professores, enfrentamos todos os dias. Alguém se habilita? Acha que consegue fazer melhor? Eu duvido, e todo esse sentimento de raiva, de tristeza, de medo e de indignação continuará comigo depois desta noite, e lhes garanto que não sumirá após eu retornar para as salas de aulas amanhã.  

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