segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Reticências

A respiração nunca me foi de tamanha importância como é agora, talvez essa seja uma das razões pelas quais coloquei meu primeiro cigarro na boca. Adolescência rebelde, conturbada e doida, a gente sempre acaba pagando por ela alguns anos mais tarde. Arrependimento? Não, claro que não. Se eu não tivesse feito antes com toda a certeza faria agora e as chances de ser pior…
Eu e minha eterna conexão sensorial com meu passado que fica pior quando se mora em uma cidadezinha do interior como aqui. As pessoas não vão embora nunca, mesmo quando a oportunidade aparece. Ou pior, voltam. Eu ainda espero ter essa chance…
Como forma de perceber todo o crescimento o qual alcancei durante os anos fico retornando ao passado, não como forma de saudosismo, apenas como um diário onde estão marcados os pontos relevantes de minha vida. O ser humano tem isso, não consegue ver sua própria evolução dentro de um período. Talvez por isso que nunca nos contentemos com o que temos…
Como minha mãe sempre diz: “você sabia que não seria fácil...”

domingo, 29 de outubro de 2017

Inquietações - parte 14

Sobre um olhar atento, inexpressivo e amplo sou capaz de notar como a vida funciona. Os passos dados, os perdidos, os medrosos, e até aqueles que são tão rápidos que quando pisco não os vejo mais. A falta de ordem me incomoda, mas aceito que não sou eu quem vai organizar, pelo menos não o mundo todo. Preciso me atentar as coisas importantes, mas tudo o que me cerca tem seu devido valor, então me perco e acabo de misturando com muitas outras coisas as quais nem mesmo esperava ter contato. Sou mutável, evoluo a cada dia e compreendo cada vez mais algumas atitudes minhas e daqueles que estão ao meu redor. Não posso julgar, mas muitas vezes ao me expressar minha retórica vem contida de deduções e inexperiência acerca do assunto que nem eu mesmo tenho tanta certeza do que estou expressando ali. Sou humana, errante. Por mais inteligente e articulada que seja nunca deve-se perder a orientação de ser apenas mais uma pessoa nesse mundo, nessa vida que nunca saberemos bem o motivo de se estar aqui.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Caixas

     Guardar recordações de momentos, lugares e pessoas que passaram por nós pode ser uma forma de termos pequenas caixas de saudade, que com o passar do tempo se enchem de poeira e apenas servem para ocupar um espaço desnecessário. Durante muitos anos eu guardei várias caixas, hoje não tenho tanto apego, aprendi a valorizar todo o espaço que tenho, físico e emocionalmente. A gente começa a viver bem melhor depois que se entende a real necessidade de todas as coisas acumuladas, desapegar torna-se algo tão natural como lavar uma louça. Não falo isso pela moda minimalista a qual passamos, mas sim por consequência de anos de reflexão sobre meu próprio ser. Coisas materiais perdem o valor da mesma forma que as relações afetivas quando não são tão importantes, elas se desgastam sozinhas apenas com o passar do tempo. Desgastam, desaparecem. Depois de um bom tempo percebemos o quanto o contato com certas pessoas, ou a quantidade de objetos acumulados, ou até mesmo hábitos antigos deixados para trás não nos afetam. Como se nunca estivessem tido espaço algum em nossas vidas.
Ser capaz de criar raízes não significa estar de acordo de como tudo ao seu redor esta, da maneira como se vive e das pessoas as quais te cercam, mas se sentir inteiramente confortável e satisfeito de como elas estão. A mudança faz parte do processo dessa busca, ninguém escapa, não adianta relutar. Hoje me vejo muito melhor do que estava anos atrás, mas ainda existem muitas coisas que me tiram o sono. Ficar estagnada, arrastando amigos, namorados e todas as demais situações inúteis somente nos atrasa como partes de nossa própria evolução interior. Pense nisso.

terça-feira, 25 de julho de 2017

A dois passos

Ser uma pessoa reclusa e introspectiva me fez ser capaz de perceber melhor como são realmente aqueles que me cercam, principalmente se tratando dos meus amigos. A distância muitas vezes ocorre de forma natural, ou porque um dos envolvidos muda de cidade em busca de algo melhor pra si, ou porque mesmo morando na mesma cidade os horários e compromissos diários impedem a frequência dos encontros. Às vezes ambos tem essa rotina apertada e hoje em dia quando se tem a possibilidade de ir pra casa e dormir, ficar com a família, com o namorado ou até mesmo sozinha certamente será nossa primeira opção, sem contestar. Digo tudo isso porque esses motivos não definem a falta de amizade ou até mesmo o rompimento dela, são apenas fatores que ocorrem na vida louca de qualquer pessoa. A minha vida já foi assim também, talvez volte a ser e eu terei o conhecimento de que é algo totalmente normal. O fato é que de tempos em tempos a gente precisa daquele amigo (a) pra nos tirar da bad e quem sabe do que eu estou falando concorda que não é qualquer pessoa que nos serve nesta hora. Geralmente os únicos amigos mais íntimos são os quais nós precisamos, aqueles que já sabem das nossas recaídas, tristezas e desesperos. Pra mim uma das “missões” de amigo é dar essa força nos piores momentos, porque quando tudo esta bem fica bem fácil ser amigo, não é mesmo? Mas visitar aquele amigo (a) que diz não estar legal, atender a ligação desesperada daquela pessoa que tanto te considera e que te busca imediatamente antes que seja capaz de fazer alguma besteira parece ser um pouco mais complicado. Talvez tenhamos ideias de amizades diferentes, o que me parece mais estranho ainda se isso for verdade, uma vez que a definição de amizade é bem clara: “sentimento de grande afeição, simpatia, apreço entre pessoas ou entidades.” Tenho a sorte grande de ter poucos, bem poucos amigos (as) os quais posso contar tanto para os momentos de crises existenciais como pra uma noite de pizza e filmes. Eu os amo demais, como grandes irmãos e irmãs de alma. Os respeito, confio neles e os amo. Pra mim essas três palavras definem bem do que é feito a amizade. Se ainda existo depois de ter passado por tantas bads devo muito aos meus sinceros e queridos amigos. Lutar fica mais fácil quando temos a força advinda de companheiros que também nos valorizam como humanos, como amigos.