domingo, 24 de janeiro de 2016

Sobre recordações e solidão

Ninguém te diz o quanto será difícil nascer, apenas somos gerados em algum momento, nos formamos durante um período pré determinado e logo precisamos sair desse aconchegante lugar. Não fazemos ideia do que nos espera do outro lado, mesmo assim somos condicionados a encarar o percurso. Sozinhos, desde o princípio de nossa existência. Com isso, qual o motivo de nos sentirmos incomodados com a solidão? Aquela necessidade de compartilhar bons momentos com outras pessoas, de participar dos sorrisos, sermos lembrados, não se deixar prender pela mesmice, sentir-se realmente e incondicionalmente viva. Reparar que com o passar dos anos muitos se perderam por outros caminhos os quais já não se encontram com os teus, não deixando nenhum vestígio perdido pelos lugares onde costumavam estar, ou qualquer resquício de sua existência. Aos poucos também desaparecendo de nossas mentes, passando de uma vaga lembrança para o total e absoluto esquecimento.

Hoje me pergunto onde estava com a cabeça quando decidi guardar e colecionar recordações em objetos materiais. Isso é totalmente autodestrutivo! Sem contar no acúmulo infinito de coisas as quais apenas uma pessoa é capaz de reunir ao longo dos anos. Quero me desfazer de tudo isso, queimar cartas, fotos e presentes os quais já não signifiquem algo realmente importante para mim. Não preciso passar por tudo outra vez, chorar por motivos que já não fazem qualquer sentido, trazer à tona sentimentos passados e lembrar de pessoas as quais não fazem diferença em minha vida hoje. Creio que não preciso disso para saber que tive uma vida. Quero ser capaz de fazer o contrário, ter cada vez menos bens materiais, coisas desnecessárias dentro de minha casa, pessoas descartáveis e mesquinhas ao meu redor e ser. Apenas ser. Se eu morresse hoje ainda não estaria em paz, e isso sim é um problema. No fim, assim como no começo, estaremos sozinhos. Não?

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Inquietações - parte 12

   Ainda não consegui compreender muito bem, ou de repente somente aceitar, o distanciamento entre as pessoas. Conhecidas, no caso. Amigos que outrora eram inseparáveis, onde havia trocas infinitas de mensagens, encontros, conversas que duravam horas... Ou aqueles que nem eram tão grudados, porém existia aquele laço sincero e bonito que mesmo com a distância física jamais se permitia que a amizade morresse. É desesperador se deparar com a solidão em sua forma mais intensa possível. Os amigos são aqueles que deixam esse peso mais leve, preenchendo nossas vidas com momentos memoráveis, nos acolhendo nos momentos difíceis da vida ou apenas apreciando a companhia mutuamente. Faz falta. Olhar o horizonte e sentir tanta saudade de pessoas que já não fazem muita questão de estarem presentes, não importa a forma, entristece.