quinta-feira, 24 de julho de 2014

Diário de uma louca

   Ela acorda às 2h e não consegue mais pegar no sono. Sabe que em partes a culpa é sua, chegou do trabalho ao fim da tarde, jantou, perdeu alguns minutos em frente à televisão e caiu no sono. Dia cansativo, como todos os outros. Algumas alegrias durante o trabalho, seus alunos arrancam alguns sorrisos ao longo das aulas, mas nada demais. Ela sabe que se não fossem eles talvez não houvesse motivação alguma para sair da cama, onde ela se encontra neste exato momento. E pra finalizar o tédio da madrugada ainda chove. Essa chuva que começou na madrugada do dia anterior durou a tarde toda e ainda cai lá fora. Céus! Ainda! Ela sempre achou incrível admirar a chuva, o vento, o sol. Esses fenômenos da natureza que, de alguma forma, a deixavam hipnotizada por horas. Mas isso mudou um pouco. Hoje em dia ela já não se sente tão à vontade enquanto chove, estando ou não se molhando. Talvez a constância das chuvas em sua cidade e nas cidades por onde passou durante suas férias recentes tenham contribuído para que tal encanto diminuísse. Na madrugada solitária, fria e chuvosa ela começa a sentir-se agoniada com tanta chuva. Não há para onde fugir, se esconder, ignorar. Os fones podem abafar o barulho das gotas que caem lá fora, mas ela ainda assim sente aquele cheiro de mato molhado e sabe exatamente que a chuva não parou. Esta lá, soberana, molhando tudo e todos que não possuem um abrigo. O que ela, humilde ser humano, com sua crise habitual de insônia iria fazer a este respeito? Nada. Chorar talvez alivie seu estresse por algum tempo, mas ela já cogita a insuportável dor de cabeça pela qual terá que passar se entregando ao desespero das lágrimas. Não, melhor segurar o choro. Olha para seu lado, sobre seu puff feito de garrafas pets se encontram dois livros, um o qual fez questão de comprar por se tratar de um autor admirado, Bukowski, e outro que ganhou. Também há uma simples lâmpada que a impede de ficar na penumbra absoluta do quarto, muito útil para seus momentos de leitura durante a madrugada. E com isso ela lembra que já devorou algumas páginas do livro naquela noite, mas que havia interrompido a leitura por conta de sua irritação com a chuva. Oh! Finalmente ela parou! Percebe instantaneamente que já não há som de sequer uma gota de chuva caindo e se sente melhor. Respira profundamente algumas vezes e agradece à mãe natureza por ter dado uma trégua. Tudo bem, agora talvez seja uma boa hora de desligar a luz e dormir, certo? Inveja aqueles que conseguem fazer isso, ainda mais àqueles que estão em sono profundo por horas enquanto ela ainda continua acordada. Por que é assim? Quantas vezes tentou usar medicamentos para se ter um sono saudável e horários normais, frustrando-se ao se deparar com um cansaço excessivo durante todo o dia. Optou por não usar mais nada, não tentar mais nada. Quem sabe ela seja um caso perdido, ou nem isso. Casos perdidos algum dia foram encontrados por algo ou alguém que os perdeu, certo? E se ela apenas existisse sem uma razão específica? É, pelo jeito a madrugada vai ser longa.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Inquietações - parte 5

Há algo extremamente sedutor, intenso e irresistível no que é fúnebre. Uma atmosfera que te envolve, que te fazes pensar em aspectos complexos demais para serem compreendidos em um resquício de tempo determinado por uma música ou por uma breve conversa entre amigos. Questionamentos os quais precisam de uma vida inteira para serem analisados com calma, precisão e paciência, afinal a maioria das respostas das quais tanto temos essa necessidade louca de conseguirmos de nada vale realmente. De modo que, ao fim, não seria irônico? 

domingo, 13 de julho de 2014

Sempre na memória

Tenho em mim um sentimento de imensa tristeza ao ter que deixar pessoas e lugares para retornar a casa, como aconteceu com o fim das minhas férias de Julho. Não sei explicar, me emociono tão facilmente com lugares, com dias diferentes e com pessoas tão queridas ao meu lado. Essas últimas duas semanas foram as mais maravilhosas que eu já tive há tempos! Principalmente por estar perto de quem eu gosto tanto e de pessoas das quais a saudade fala alto demais com tamanha distância.
Conhecer gente, conversar e descobrir inúmeras coisas em comum é sempre lindo, ainda mais quanto tu se sentes totalmente à vontade com apenas poucos minutos de conversa. Agradeço ao imenso universo por estar cercada de amigos tão queridos que insistem em me fazer tão bem. Sei que a distância machuca, mas não é uma desculpa para se perder o contato, pelo contrário, a vontade louca de conversar aumenta ainda mais, querer contar como foi o dia, o que aconteceu de surpreendente e até mesmo as coisas mais terríveis que nos fazem chorar. Pequenas atitudes que acabam somando ao longo do tempo, estas sim decisivas para distanciar ou unir ainda mais.

Agora me vejo novamente em meu quarto, olhando para minha prateleira de livros, muito bem organizados, minha mesa, meus cadernos, minha cama, meus cd´s, minha bagunça... tudo que ficou um tempo longe de mim e que eu não tive saudade. Cada vez mais acredito que é possível se viver com pouco se tratando de bens materiais, porque o que realmente nos faz felizes e plenos são as pessoas que vivem conosco.  Sabe, aquela bagunça louca um pouco antes de sair para algum show, a companhia nas horas das refeições, os pedidos de opiniões sobre uma roupa ou cabelo, questionamentos sobre o tempo que podem durar minutos, e as risadas! Aquelas risadas que te tiram o fôlego e até mesmo lágrimas de tanta felicidade. Aquele olhar que te desvenda em um segundo, juntamente com um sorriso que te faz querer imensamente bem aquela pessoa que esta ali, bem a sua frente, mas que demorou tanto tempo para finalmente estar. Dessas coisas eu sinto falta, de todos esses pequenos pedaços de mim que acabam ficando espalhados por aí.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Férias

Sabe aquele papo de sair da zona de conforto? Pois bem, isso realmente funciona em praticamente todas às vezes comigo, e ainda me pego surpresa. Estar de férias e pulando entre algumas cidades, vendo amigos, conhecendo gente, quebrando totalmente a rotina triste e infeliz de cada dia muda nossa alma! Claro que me pego cansada algumas horas, com uma pontinha de desejo de poder estar em meu quarto, com meus filmes, meus livros, no sossego, mas isso dura apenas um segundo quando olho ao meu redor e vejo as pessoas fantásticas que estão me ajudando a mandar a monotonia pro espaço. Acho que esse é um dos segredos para a felicidade, sabe? Desligue-se, corra, fuja, suma! E se puderes contar com pessoas para isso, melhor ainda.