Sabe quando a solidão começa
a ser realmente um problema? Quando ela começa a te incomodar. Pode acontecer
de uma forma progressiva, de repente um belo dia tu percebes toda a agonia presente
naquele buraco todo, ou pode ser um desespero constante que vai aumentando com
o passar dos anos. O que posso dizer é que tudo isso é uma grande merda. Não
sei se essa minha inconstância é algo pessoal ou outros seres vivos passam por
isso, porque não conheci até hoje alguém que realmente se importasse com essas
coisas, que demonstrasse ao menos a metade de meu desespero. Talvez eu até
tenha conhecido alguém assim, mas quem sabe essa pessoa seja mais covarde do
que determinada pra realmente mudar toda uma situação desagradável em sua vida.
Pior do que apenas a solidão é a junção dela com a saudade. Caramba! Quando
isso acontece (o que me é tão familiar) não há coração que aguente. Já sou uma
pessoa extremamente sensível, quando resolvo me afundar nessas porcarias
sentimentais nunca acabo bem, mas não é algo que eu possa recuar, entendem? Dizer
a uma pessoa o que ela pode ou não fazer, quem ela pode ou não amar e quais
sentimentos ela deve expressar sendo que durante toda sua vida sempre exprimiu
com total sinceridade e liberdade tudo o que lhe pareceu relevante é a pior
prisão de todo o mundo. Viver com algo tão forte guardado em seu coração e não
poder gritar sobre isso funciona com uma bomba relógio.
Parei hoje e me deixei levar por todo o desespero que sentia, já fazia
algum tempo que estava me controlando pra evitar isso, visto que sempre acabo
muito debilitada quando resolvo me “entregar a tristeza”, mas hoje não tive
como escapar. Acordei e me deparei com o tempo fechado e a chuva fina que caía
pela manhã. Percebi que estava frio, senti aquela sensação gostosa de estar
enrolada ao edredom, deitada na cama e ouvindo o barulho da chuva. Aquele cheiro
de mato molhado, sabem? Adoro esse conjunto todo, ainda mais no meio da semana,
parece que ameniza um pouco o cansaço do trabalho e de todo a correria diária. Poderia
ser mais um dia comum, eu me levantar, tomar um banho, arrumar as coisas para o
trabalho e não pensar muito. Realmente, quando não precisamos pensar parece que
as coisas passam mais rápidas e plácidas. Comigo isso é bem difícil de
acontecer, e hoje foi um daqueles dias difíceis no trabalho, principalmente
porque fui colocada em uma situação a qual eu não tinha nenhuma responsabilidade
de estar. Enfim, ossos do ofício.
Durante o caminho pra casa percebi que estava com o guarda-chuva aberto
quase que por hábito, afinal estava chovendo muito e em minha mochila estavam os
livros das turmas, provas, trabalhos... desisti do guarda-chuva, me permiti ser
molhada por aquela água toda, senti a temperatura cair, o arrepio em minha pele
e as gotas de água que embaçavam minha
visão. Cheguei, corri para o quarto, fechei a porta, larguei a mochila e
gritei. Alguns chamam isso de catarse, se não me engano. Já havia feito isso
algumas vezes, e lhes garanto que em nenhuma delas tive uma experiência
agradável. Dizem que alivia o estresse da pessoa, servindo como uma descarga
emocional. Ou essas pessoas estão mentindo, ou eu tenho realmente um grande
problema. De todo o modo o desespero não é algo com o qual alguém possa viver
bem, a maioria das pessoas que sentem isso e não conseguem raciocinar sobre
seus atos acabam fazendo grandes burradas levadas unicamente por esse
sentimento destruidor. Eu devo ser bem madura nesta questão, até hoje o máximo
que fiz foi gritar sozinha em meu quarto.
O que realmente gostaria de dizer é que existem pessoas que fazem uma
falta imensa em minha vida, principalmente porque são elas que me impulsionam
sempre a continuar seguindo, a pensar positivamente e nunca desistir do que
tanto almejo. Não tenho problema algum em procurar meus amigos, começar uma
conversa ou até mesmo marcar algum encontro, afinal não existe outro meio se
não a comunicação para que eles saibam que gostaria de vê-los. Porém não ser
procurada, não receber nenhuma demonstração de preocupação muitas vezes me
deixa entristecida. Carência talvez, mas creio que seja muito mais uma questão
de amizade e de preservar por perto aqueles os quais tu realmente queres ter ao
teu lado.
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