Guardar
recordações de momentos, lugares e pessoas que passaram por nós
pode ser uma forma de termos pequenas caixas de saudade, que com o
passar do tempo se enchem de poeira e apenas servem para ocupar um
espaço desnecessário. Durante muitos anos eu guardei várias
caixas, hoje não tenho tanto apego, aprendi a valorizar todo o
espaço que tenho, físico e emocionalmente. A gente começa a viver
bem melhor depois que se entende a real necessidade de todas as
coisas acumuladas, desapegar torna-se algo tão natural como lavar
uma louça. Não falo isso pela moda minimalista a qual passamos, mas
sim por consequência de anos de reflexão sobre meu próprio ser.
Coisas materiais perdem o valor da mesma forma que as relações
afetivas quando não são tão importantes, elas se desgastam
sozinhas apenas com o passar do tempo. Desgastam, desaparecem. Depois
de um bom tempo percebemos o quanto o contato com certas pessoas, ou
a quantidade de objetos acumulados, ou até mesmo hábitos antigos
deixados para trás não nos afetam. Como se nunca estivessem tido
espaço algum em nossas vidas.
Ser
capaz de criar raízes não significa estar de acordo de como tudo ao
seu redor esta, da maneira como se vive e das pessoas as quais te
cercam, mas se sentir inteiramente confortável e satisfeito de como
elas estão. A mudança faz parte do processo dessa busca, ninguém
escapa, não adianta relutar. Hoje me vejo muito melhor do que estava
anos atrás, mas ainda existem muitas coisas que me tiram o sono.
Ficar estagnada, arrastando amigos, namorados e todas as demais
situações inúteis somente nos atrasa como partes de nossa própria
evolução interior. Pense nisso.