Não preciso estar distante de alguém para sentir sua falta, pois a cada
momento em que aprecio a companhia da pessoa costumo guardar fracionadamente
tudo o que sinto naqueles instantes. Como se fossem páginas em branco sendo
preenchidas com doses de amizade, amor, afeto, cumplicidade e atenção. Sou capaz
de estar em tantos lugares ao mesmo tempo, multiplicada em espírito, lembrança,
pensamentos e tantas outras formas de apreciação que me fogem definições. Guardo
cada exata sintonia, cada pensamento compatível, conversas descontraídas e fico
revivendo um após o outro. Talvez pareça nostálgico, de certa forma o é, mas
essa construção solitária de métodos para se manter vivo tem funcionado bem até
agora. Lembrar, reviver e ser capaz de ter fé novamente e novamente.
Aqueles mais próximos a mim sabem que valorizo as relações, sejam
afetivas ou profissionais. Somos todos seres que necessitam de afeto, de
atenção, não importa a ocasião. Sempre procuro oferecer meu melhor, até em dias
os quais eu não estou muito bem. Afinal nem todos sabem dos meus problemas,
como eu não sei dos outros. Ser capaz de pensar nisso todos os dias e em todas
as pequenas etapas da vida faz uma grande diferença em nossa vida e na vida dos
outros. Às vezes me afundo no fracasso de não poder ajudar todo mundo, mesmo
tentando quase que compulsivamente. Sinto-me mal com isso, fico sinceramente
triste. Gostaria que mais pessoas pensassem um pouco mais nas outras pessoas
que os cercam diariamente, sejam familiares, amigos, colegas, enfim. O mundo
precisa de muito mais cumplicidade e amor do que vemos hoje em dia. É terrível
ficar pensando nisso, pesa muito nos ombros. Consolida-se como uma luta diária
e infindável. Que eu continue firme, que encontre sempre a força que preciso.