Sempre fui a mais transparente possível em tudo o que
venho escrevendo até aqui, sinto que minhas palavras podem, de alguma forma,
confortar outras pessoas que tenham pensamentos semelhantes aos meus ou que se
sintam tão confusas quanto eu. De maneira alguma escreveria algo que fosse
contra o que realmente sinto ou sou, não vejo motivos para isso, de modo que
este post é uma forma, no momento a única, que tenho de tentar fazer com que
minhas palavras cheguem até uma pessoa em especial. Uma pessoa pela qual tenho
profundo carinho, com quem tive a oportunidade magnífica de passar momentos
únicos e belos durante tão pouco tempo, mas que foram suficientes para que me
marcasse tanto a ponto de eu estar aqui a falar dela. Por muitos motivos alguns
de meus últimos textos possui uma carga quase que total a respeito desta
pessoa, e sei que ela sabe disso. Talvez o que eu escreva agora infelizmente
não chegue até seus olhos, é um risco pelo qual eu preciso estar ciente, uma
vez que minha necessidade de que ela leia estas linhas já é maior do que tudo.
Primeiramente, me desculpe. Sei que muitas das coisas
pelas quais passamos nos últimos meses não deveriam ter tomado este rumo tão
precipitadamente, tenho consciência de que minha ansiedade por querer-te ao meu
lado possa ter te levado a desprender-te da cautela pela qual sempre quisestes
ter, mas não vejo isso como um erro. Se andamos no mesmo ritmo é porque havia
pressa de ambos os lados, mesmo com uma total falta de planejamento referente
as mudanças que certas atitudes iriam determinar na vida dos dois. Sabe, o
coração muitas vezes precisa tomar as rédeas da situação, mostrando o quanto a
mudança se faz necessária para a transformação benéfica de algo que passou por
tanto tempo estagnada somente pela vontade alheia. Acordar para essas coisas da
vida muitas vezes requer um certo choque, mesmo que doloroso.
Continuando, estando plenamente certa do que sinto e
do que tu também sentes por mim, pautado em anos de silêncio e espera, o que
posso dizer além do que já lhe disse? Tantas coisas que não precisam ser
tratadas com tanta complicação e que fazes delas algo a impedir-te de,
finalmente, conseguir levar uma vida pela qual há tempos sonhas. Por quê? Lembras
do quanto lhe falei que duas pessoas não são obrigadas a viver na mesma
infelicidade, muito menos envolvendo outras pessoas nessa bola infindável de
sofrimento? Pense, mudar pode parecer algo tão fora de cogitação para certas
pessoas que é exatamente o que devemos fazer em nossa vida, a qual temos apenas
uma para fazer valer realmente a pena.
É tão irrelevante dizer o quanto estou mal com tudo
isso, quantas vezes ao dia me pego tentando conter as lágrimas que meus
pensamentos insistem em explodir sem ao menos me dar um resquício de chance
para fingir. Sinceramente não tento mais, sou tão fracassada na tentativa de me
iludir, falando para mim mesma que isso tudo logo irá passar, que irei superar,
ou até mesmo impulsionando meu cérebro a apagar todas as lembranças possíveis e
prováveis como uma maneira de ocultar o que realmente aconteceu entre nós. Não consigo.
Hipócritas aqueles que dizem que a vida continua após algo tão estrondosamente
impactante ocorrer em suas vidas, bem que talvez coisas como estas não
aconteçam a todas as pessoas.
Poderia escrever muitas linhas mais, tentando
desesperadamente descrever minha total falta de orgulho quando venho por meio
destas te pedir de todo o coração que, se tudo aquilo ainda vale tanto, que se
tua sinceridade e teu amor ainda existem, volte. Apenas volte. Não sou tão
forte como imaginas, nem tenho tanto autocontrole como tens, então, por favor,
quebre este silêncio.