quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Pedaços espalhados

“Você não mudou nada, cara. Só a idade que mudou, o resto continua tudo igual”. Lembro-me dele me dizendo isso durante uma de nossas longas e diárias conversas pelo celular. Acho que ele não sabia, mas sempre me preparava para ter todo o tempo livre do mundo para poder ouvi-lo falar, rir e me fazer sonhar. Foi assim durante alguns meses, um contato sagrado o qual estabelecemos quase que como um mantra. Fazia-nos bem, sei disso. “Você não mudou nada”, e de repente tudo mudou pra mim. Da segunda vez pra melhor, quase que como num conto de fadas, mas da terceira posso dizer que se pareceu muito mais como algum poema de Byron. Depressivo, obscuro, confuso, melancólico e desesperador. Foi assim que tudo começou e acabou de novo. Estranho repensar isso depois desses quatro meses. Nostálgico. Sabe, ainda me pego pensando nele, naqueles olhos claros dos quais eu tanto necessitava olhar e que agora ao invés de abrir os meus para os enxergar preciso forçar minhas vistas para relembrar. Dói. Nem faço mais esforço pra esquecer, sei que não é o que meu coração quer. Deixa que o tempo sabe o que fazer, se destrói, se traz de volta ou se me leva junto com ele. Tanto faz, não tenho mais certeza; na verdade é bem provável que eu jamais tenha tido. Quando paro e penso nele sempre me pego sorrindo. Sabe, aquele sorriso frouxo no começo do dia ao acordar, aquele durante a tarde por estar em algum lugar que me faz lembrar, ou ainda à noite antes de pegar no sono. Ele sempre esta comigo, meio louco pensar desta forma, mas é isso que sinto mesmo depois de tanto tempo.  “Você não mudou nada”, realmente não e pelo visto não pretendo mexer nisso tão cedo. 

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