quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Catarse diária

Sabe quando a solidão começa a ser realmente um problema? Quando ela começa a te incomodar. Pode acontecer de uma forma progressiva, de repente um belo dia tu percebes toda a agonia presente naquele buraco todo, ou pode ser um desespero constante que vai aumentando com o passar dos anos. O que posso dizer é que tudo isso é uma grande merda. Não sei se essa minha inconstância é algo pessoal ou outros seres vivos passam por isso, porque não conheci até hoje alguém que realmente se importasse com essas coisas, que demonstrasse ao menos a metade de meu desespero. Talvez eu até tenha conhecido alguém assim, mas quem sabe essa pessoa seja mais covarde do que determinada pra realmente mudar toda uma situação desagradável em sua vida. Pior do que apenas a solidão é a junção dela com a saudade. Caramba! Quando isso acontece (o que me é tão familiar) não há coração que aguente. Já sou uma pessoa extremamente sensível, quando resolvo me afundar nessas porcarias sentimentais nunca acabo bem, mas não é algo que eu possa recuar, entendem? Dizer a uma pessoa o que ela pode ou não fazer, quem ela pode ou não amar e quais sentimentos ela deve expressar sendo que durante toda sua vida sempre exprimiu com total sinceridade e liberdade tudo o que lhe pareceu relevante é a pior prisão de todo o mundo. Viver com algo tão forte guardado em seu coração e não poder gritar sobre isso funciona com uma bomba relógio.
Parei hoje e me deixei levar por todo o desespero que sentia, já fazia algum tempo que estava me controlando pra evitar isso, visto que sempre acabo muito debilitada quando resolvo me “entregar a tristeza”, mas hoje não tive como escapar. Acordei e me deparei com o tempo fechado e a chuva fina que caía pela manhã. Percebi que estava frio, senti aquela sensação gostosa de estar enrolada ao edredom, deitada na cama e ouvindo o barulho da chuva. Aquele cheiro de mato molhado, sabem? Adoro esse conjunto todo, ainda mais no meio da semana, parece que ameniza um pouco o cansaço do trabalho e de todo a correria diária. Poderia ser mais um dia comum, eu me levantar, tomar um banho, arrumar as coisas para o trabalho e não pensar muito. Realmente, quando não precisamos pensar parece que as coisas passam mais rápidas e plácidas. Comigo isso é bem difícil de acontecer, e hoje foi um daqueles dias difíceis no trabalho, principalmente porque fui colocada em uma situação a qual eu não tinha nenhuma responsabilidade de estar. Enfim, ossos do ofício.
Durante o caminho pra casa percebi que estava com o guarda-chuva aberto quase que por hábito, afinal estava chovendo muito e em minha mochila estavam os livros das turmas, provas, trabalhos... desisti do guarda-chuva, me permiti ser molhada por aquela água toda, senti a temperatura cair, o arrepio em minha pele e as gotas  de água que embaçavam minha visão. Cheguei, corri para o quarto, fechei a porta, larguei a mochila e gritei. Alguns chamam isso de catarse, se não me engano. Já havia feito isso algumas vezes, e lhes garanto que em nenhuma delas tive uma experiência agradável. Dizem que alivia o estresse da pessoa, servindo como uma descarga emocional. Ou essas pessoas estão mentindo, ou eu tenho realmente um grande problema. De todo o modo o desespero não é algo com o qual alguém possa viver bem, a maioria das pessoas que sentem isso e não conseguem raciocinar sobre seus atos acabam fazendo grandes burradas levadas unicamente por esse sentimento destruidor. Eu devo ser bem madura nesta questão, até hoje o máximo que fiz foi gritar sozinha em meu quarto.

O que realmente gostaria de dizer é que existem pessoas que fazem uma falta imensa em minha vida, principalmente porque são elas que me impulsionam sempre a continuar seguindo, a pensar positivamente e nunca desistir do que tanto almejo. Não tenho problema algum em procurar meus amigos, começar uma conversa ou até mesmo marcar algum encontro, afinal não existe outro meio se não a comunicação para que eles saibam que gostaria de vê-los. Porém não ser procurada, não receber nenhuma demonstração de preocupação muitas vezes me deixa entristecida. Carência talvez, mas creio que seja muito mais uma questão de amizade e de preservar por perto aqueles os quais tu realmente queres ter ao teu lado.  

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